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O Dào (Tao)
Dào (Tao) é, ao mesmo tempo, o caminho, o caminhante e o ato de caminhar. Filosoficamente, pode ser interpretado como o Absoluto.
O caminho taoísta propõe a restauração do estado pleno de vida e conciencia, chamado Tao. Para isso, utilizam-se vários meios, como as práticas que promovem a boa saúde física e mental, o estudo de clássicos escritos pelos grandes mestres do passado, os métodos místicos para a restauração da ordem interna e fundamentalmente, a meditação, como caminho de auto-transformação e elevação espiritual.
Os meios para o retorno ao Dào (Tao) englobam as artes (Shù), a lei (Fa) e o caminho (Dào (Tao)). As artes procuram restaurar o equilíbrio das energias da pessoa através de conhecimentos de saúde, de oráculos, de destino, de leitura da natureza ou do homem. O Fa é o conjunto de métodos místicos que restauram a ordem, a organização, a lei interior e exterior através da força espiritual. E o Dào (Tao), como meio, tem na meditação o caminho espiritual por excelência.
O Taoísmo
O Taoísmo é uma tradição espiritual milenar de origem chinesa, desenvolvida e praticada por inúmeros mestres ao longo dos tempos.
Por ter uma origem muito antiga, o Taoísmo apresenta muitas ramificações. Seus conhecimentos, manifestados através de várias Escolas Taoístas, poderiam, de modo geral, ser classificados segundo cinco vertentes:
– a primeira delas se chama-se Dan Ding, que significa literalmente Caldeirão e Elixir; é a que nós chamamos no Ocidente de Escola da Alquimia;
– a segunda chama-se Fú Lù, Fú significa literalmente Correspondência, e Lù quer dizer Ordenar. Ou seja, é a Escola da Correspondência e da Ordenação, referindo-se à Escola Ritualística e da Lei Cósmica;
– a terceira chama-se Jing Dian, que literalmente significa Textos Clássicos. São escolas que enfatizam mais os estudos clássicos, podem ser chamadas de Escolas Filosóficas ou Escolas de Estudos filosóficos do Taoísmo;
– a quarta chama-se Ji Shàn, que significa Acumulação da Bondade: aplica os conhecimentos taoístas em benefício da sociedade, da pessoa, da vida; é a escola voltada para a doação e para as práticas taoístas na vida quotidiana;
– e a última chama-se Zhan Yuàn, que significa Oráculos e Experiências, ou seja, Yi Jing (I Ching), Astrologia, Artes Marciais, Acupuntura, incluindo conhecimentos de cura através da ervas da medicina Taoísta e diversos trabalhos energéticos.
Tao Te Ching
Wu Jyh Cherng, Sacerdote Taoísta, Ordem Ortodoxa Unitária, Presidente da Sociedade Taoísta do Brasil
Tao significa Caminho e Te significa Virtude. Então, literalmente traduzindo, Tao Te Ching significa Livro do Caminho e da Virtude.
Caminho é aquele que nós realizamos interiormente e Virtude é aquilo que nós realizamos exteriormente. Encontrando o Caminho dentro de nós mesmos, conseqüentemente vamos transformar nossos atos externos, por si mesmos, em Virtudes, em atos virtuosos. O Caminho interno é o Caminho da auto-realizaçao, o caminho da consciência. Nesse caminho procuramos retirar as impurezas da consciência para que ela, volte a ser lúdica e transparente. É um processo caracterizado pela busca de lucidez maior a cada instante e que utiliza a pratica da meditação como um momento totalmente dedicado a essa busca de iluminação.
O Caminho externo, ou pratica externa, que vem a ser, exatamente, a Virtude, se traduz por uma maneira correta, honesta e verdadeira de você viver com as pessoas, com o mundo, com o seu trabalho e com tudo o mais que faça parte do cotidiano.
No Tao Te Ching, Lao-Tzé se utilizou de exatamente oitenta e um capítulos para nos falar sobre a maneira como poderíamos chegar a esses estados: Na primeira metade do livro ele se ocupa mais do Caminho e na segunda ocupa mais da Virtude.
Virtude são atos e gestos de acordo com o principio, fundamento e sabedoria. Então, distribuir virtudes é fazer o bem, é praticar atos e gestos concretos, é fazer coisa pelas necessidades dos outros.
Essa distribuição da virtude abre um leque muito grande de possibilidades e as pessoas ficam perdidas, não sabem o que fazer diante do conselho de que devem distribuir virtude.
A ultima vez em que encontrei com o Mestre Maa, meu mestre na China, pedi a ele que explicasse como deveria ser feita a distribuição da virtude, perguntei o que seria fazer coisas virtuosas e pedi que ele respondesse a essa pergunta de uma maneira objetiva e concreta, que não me desse uma resposta metafísica e sim uma “formula de bolo”. Ele, então, respondeu que nós poderíamos começas a distribuir a virtude pelas coisas pequenas, materiais, procurando saber quais as necessidades das outras pessoas, do que elas estão precisando.
Então, você tem que começar exatamente pelo lado que as pessoas mais desprezam ideologicamente, mas do qual não conseguem se desapegar, que é o lado material. Ou seja: você tem que procurar ver quem está financeiramente necessitado, quem está querendo estudar mas não tem dinheiro e a partir de todas essas constatações, passar a distribuir o que você tem de material: dar uma bolsa de estudos para quem quer estudar, dar cobertor, dinheiro e comida para um vizinho seu que perdeu tudo, ao invés de ficar discutindo metafísica, “o que eles precisam é de pão na barriga, roupa no corpo e telhado em cima da cabeça, o resto é blefe”.
Você pode até vir a discutir, um dia, metafísica com eles, mas primeiro deixe que eles comam bem, durmam bem e saiam dos sofrimentos mínimos e básicos. Mestre Maa diz que isso é distribuição de virtude, isso éter um gesto virtuoso.
Em seguida, o próprio Mestre Maa pergunta: e as pessoas que não têm dinheiro para ajudar a construir uma casa que caiu, restaurar uma estrada, ajudar a tratar o filho do outro que está doente, o que poderiam fazer? poderiam distribuir ensinamento, ou seja: poderiam dar assistências, ensinar, passar conhecimentos.
Se você é um estudioso, pode ensinar outros a trabalharem; se é um estudiosos, pode ajudar dando atenção e afeto aos seus vizinhos, conversando com as pessoas, até mesmo ajudando a descascar uma batata. Tudo isso são ensinamentos, tudo isso é distribuição de ensinamento. O ensinamento que você pode distribuir não precisa, necessariamente, se constituir de metafísica ou altas filosofias complexas.
Fonte: Sociedade Taoísta do Brasil